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Os rendimentos dos títulos recuam ligeiramente após um aumento na quinta-feira que pesou sobre os principais índices de Wall Street, enquanto o Bitcoin cai após uma notícia afirmar que a SpaceX do bilionário Elon Musk reduziu o valor da criptomoeda que possui. Em outros lugares, a incorporadora endividada Evergrande (OTC:EGRNY) entrou com pedido de proteção contra falência nos EUA, já que os problemas continuam a aumentar no enorme setor imobiliário da China. No Brasil, Ibovespa registra sequência recorde de quedas.

1. Os futuros caem depois que a liquidação do mercado de títulos abala as ações

Um assessor do ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, teria dito certa vez que, se a reencarnação existisse, ele gostaria de voltar como o mercado de títulos. “Você pode intimidar todo mundo”, foi seu raciocínio.

É um ditado muito repetido, mas ainda assim vale a pena relembrá-lo depois de um dia como o de quinta-feira, quando o 10-anos Treasury yield subiu para seu maior fechamento desde 2007 e o rendimento do 30-anos T-note saltou para a maior alta em 12 anos. Normalmente, os preços se movem de forma inversa aos rendimentos.

A narrativa que impulsiona a queda da dívida do governo dos EUA gira em torno de dados econômicos mais fortes do que o esperado e do alerta do Federal Reserve no minutos de sua reunião mais recente sobre as persistentes pressões “ascendentes” sobre a inflação. Junte esses dois fatores e os mercados agora estão supondo que as taxas de juros provavelmente permanecerão elevadas por mais tempo.

Embora possa ser exagero dizer que os investidores se sentiram intimidados, com certeza parece que eles pelo menos notaram o aumento dos rendimentos. Os principais índices de Wall Street caíram pelo terceiro dia consecutivo, estendendo um mal-estar de agosto nos mercados acionários.

Os futuros das ações dos EUA caíram um pouco na sexta-feira, com os investidores tentando avaliar as implicações das turbulências do mercado de títulos. Às 8h02 (de Brasília), o contrato Dow futuros caía 0,45%, o S&P 500 futures recuava 0,25% e o Nasdaq 100 futures perdia 0,19%.

Os rendimentos de referência do Tesouro, por sua vez, caíram no início do último dia de negociação da semana.

Ainda, a Yellow (NASDAQ:YELL) concordou em vender seus centros de expedição para a rival Estes Express Lines por pelo menos US$ 1,3 bilhão, o que estaria próximo de cobrir toda a dívida pré-falência do caminhoneiro falido.

A Estes havia se oferecido para financiar a liquidação da Yellow durante o processo de falência, mas, em vez disso, fechou um acordo para ser a licitante perseguidora dos ativos imobiliários, de acordo com o advogado da Yellow, Allyson Smith, em uma audiência no tribunal na quinta-feira. Isso significaria que a oferta da Estes ainda poderia ser superada por uma proposta mais alta ou mais atraente durante um leilão supervisionado pelo tribunal.

Smith acrescentou que a Yellow também decidiu aceitar um empréstimo de US$ 142,5 milhões do fundo de hedge Citadel e de seu principal acionista, a MFN Partners. O novo financiamento provavelmente economizará à Yellow entre US$ 27 milhões e US$ 40 milhões e dobrará o tempo que a empresa tem para vender seus ativos, disse ela. O empréstimo precisará ser aprovado por um juiz em Delaware.

A Yellow, sediada no Tennessee, tinha apenas US$ 32 milhões em caixa quando entrou com o pedido de falência no início deste mês, o que, segundo ela, não era suficiente para durar durante a venda de seus caminhões e outros ativos.

2. Retorno da volatilidade do Bitcoin

O Bitcoin teve um período de relativa estabilidade durante a maior parte dos últimos dois meses, com o preço da criptomoeda mais conhecida do mundo chegando a atingir uma alta anual de US$ 31.818 em julho.

No entanto, o aumento dos rendimentos dos títulos e a consequente cautela em relação a ativos mais arriscados afetaram o token digital. O Bitcoin caiu mais de 7% na sexta-feira, para US$ 26.450, acumulando perdas acentuadas na quinta-feira. Agora, ele está mais de 16% abaixo da do pico anual.

O sentimento também foi abalado por um relatório do Wall Street Journal que dizia que a SpaceX, a empresa de foguetes do bilionário Elon Musk, havia reduzido o valor do Bitcoin que possui em US$373 milhões no ano passado e em 2021 e havia vendido a criptomoeda. Musk se tornou uma espécie de figura fixa na comunidade de criptografia, postando frequentemente sobre o mercado nos últimos anos.

A queda do Bitcoin ocorre em um momento delicado do ponto de vista legal para as empresas adjacentes à criptomoeda. Os órgãos reguladores dos EUA estão tentando reprimir o setor devido a preocupações de que ele esteja “repleto” de fraudes e golpes. A Binance e a Coinbase (NASDAQ:COIN), duas das maiores bolsas de criptomoedas, agora enfrentam ações judiciais da Comissão de Valores Mobiliários.

3. Evergrande entra com pedido de proteção contra falência

O Grupo China Evergrande (HK:3333) entrou com um pedido de proteção contra falência em um tribunal dos EUA, enquanto o desenvolvedor mais endividado do mundo trabalha em um acordo de reestruturação prolongado e maciço com seus credores.

A empresa está buscando proteção de acordo com o Capítulo 15 do código de falências dos EUA, que funcionaria como um escudo para seus ativos nos EUA, enquanto ela trabalha na reestruturação de seus mais de US$ 19 bilhões em dívidas no exterior. A Evergrande, que relatou perdas de US$ 81 bilhões em 2021 e 2022 em julho, deve se reunir com credores em Hong Kong sobre a reestruturação neste mês.

A inadimplência da Evergrande em suas dívidas denominadas em dólares em 2021 provocou uma crise de liquidez no vital setor imobiliário da China, que responde por uma grande parte da segunda maior economia do mundo. Desde então, ela ameaçou infectar outros setores e prejudicar ainda mais o que tem sido uma lenta recuperação pós-pandemia na China.

Dezenas de incorporadoras ficaram inadimplentes desde o colapso da Evergrande, embora Pequim ainda não tenha intervindo para socorrer nenhuma dessas empresas em dificuldades.

No entanto, a semana tórrida para o setor imobiliário levou o banco central da China a dizer que continuará a aumentar as condições de liquidez após um corte emergencial nas taxas na terça-feira.

4. O petróleo misto em meio a preocupações com o crescimento da China e estimativas de taxas do Fed

Os preços do petróleo estavam mistos na sexta-feira, colocando-os no caminho certo para encerrar uma série de sete semanas de vitórias, à medida que aumentam as preocupações com a desaceleração do crescimento na China, principal importador de petróleo, bem como com o potencial de aumento das taxas de juros do Federal Reserve.

Os preços do petróleo tiveram alguma força na quinta-feira, subindo de uma baixa de duas semanas, depois que o banco central da China disse que manterá os mercados cheios de liquidez para ajudar a sustentar o crescimento econômico.

Às 8h03, os futuros do petróleo dos EUA subiram 0,06%, para US$80,44 por barril, enquanto o contrato do Brent caiu 0,01%, para  US$84,11.

Ambos os contratos estavam previstos para perder mais de 3% esta semana, depois de terem se recuperado nas últimas sete semanas, após cortes prolongados de fornecimento pelos principais produtores, Arábia Saudita e Rússia.

5. Ibovespa registra sequência negativa recorde

Com 13 pregões consecutivos em queda, o índice da bolsa de valores brasileira Ibovespa apresentou sequência negativa recorde, cujo registro não ocorre desde o começo da década de 80.

Pressionado nesta quinta pelo recuo de ações do setor financeiro, incluindo a B3 (BVMF:B3SA3), mais uma vez o início do pregão em alta acabou em reversão para patamar de recuo e o índice fechou em queda de 0,53%, a 114.982,3 pontos. Em Wall Street, o S&P 500 fechou pregão em baixa de 0,77%.

Com o resultado, agosto chega a uma desvalorização de 5,7%, após o Ibovespa acumular alta de quase 20% em quatro meses até o final de julho, quando estava a quase 123 mil pontos. O movimento segue o enfraquecimento no mercado americano, com cautela acirrada a respeito de novos aumentos das taxas de juros pelo Federal Reserve diante do indicativo de que as fed funds ficarão altas por mais tempo.

Às 8h04 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ)perdia 0,20% no pré-mercado.

Investing.com – Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo

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