Os EUA divulgam os últimos dados sobre renda e gastos pessoais, além do indicador de inflação preferido do Federal Reserve. A expectativa é que as ações abram em clima frágil. Os preços do gás natural disparam na Europa após a Uniper, grande grupo de energia da Alemanha, declarar que precisa de resgate financeiro. A economia da China volta a crescer em junho, mas há mais sinais de fraqueza na Europa, onde a Suécia aumentou sua taxa básica de juros em meio ponto. Petróleo oscila enquanto a Opep se reúne com aliados, mas resultado da cúpula é previsível. A votação da PEC dos Combustíveis foi adiada mais uma vez.
Confira o que você precisa saber de mais importante nos mercados financeiros nesta quinta-feira, 30 de junho.
1. Índice de inflação e dados de renda e consumo
Os EUA irão divulgar os dados do indicador de inflação preferido do Federal Reserve para o mês de maio. A expectativa é que o núcleo de gastos com consumo pessoal, que reflete de forma mais precisa as mudanças em tempo real no custo de vida do que o Índice de Preços ao Consumidor, tenha subido 0,4% em maio, uma leve aceleração em relação a abril, enquanto a alta anual deve desacelerar de 4,9% para 4,8%, devido em grande parte aos efeitos base.
Outro ponto de interesse serão os dados de renda e gastos com consumo pessoal em maio. Espera-se que as despesas mostrem uma clara desaceleração em relação a abril. Esses números serão comparados com o índice de confiança do consumidor, responsável por fazer o mercado cair na sexta-feira.
Para encerrar a rodada de dados do dia, teremos os números semanais de pedidos de seguro-desemprego nos EUA, os quais registraram uma clara tendência de alta, ainda que leve, nas últimas semanas.
2. China volta a crescer
A economia da China voltou a crescer em junho, de acordo com seu índice oficial de gerentes de compras. O PMI, que cobre principalmente as grandes empresas estatais, subiu de 48,4 para 54,1 em maio, com a indústria e o setor de serviços voltando a superar a linha dos 50, que geralmente separada o crescimento de uma contração.
O noticiário econômico estava menos otimista na Europa, onde o desemprego na Alemanha saltou para 133.000, com a inserção de refugiados ucranianos pela primeira vez na lista de pessoas que buscavam trabalho. As vendas no varejo da Alemanha caíram 3,6% no ano em maio, ao passo que a inflação na França subiu para 5,8% no ano.
Fora da zona do euro, os preços dos imóveis no Reino Unido registraram seu ritmo mais lento de alta em nove meses, de acordo com a instituição de crédito Nationwide, enquanto o banco central da Suécia elevou sua taxa básica de juros em 50 pontos-base, afirmando que reduziria suas compras de ativos mais rápido do que o previsto, a fim de evitar que a inflação se consolide.
3. Ações americanas devem abrir em baixa
As ações dos EUA devem abrir em baixa novamente, em meio à angústia usual em torno da inflação e dos juros mais altos, a qual não se aliviou com os comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, e de outros banqueiros centrais na quarta-feira. Isso fez com que poucos estivessem dispostos a assumir riscos antes dos dados a serem divulgados pela manhã.
Às 08h48, os futuros da Nasdaq 100 recuavam 1,71%, enquanto os da S&P 500 e da Dow Jones caíam 1,51% e 1,31%, respectivamente. O S&P está prestes a encerrar seu pior primeiro semestre desde os anos 1970.
Entre as ações que estarão no centro das atenções dos investidores, os destaques ficam por conta da fabricante de chips Micron (NASDAQ:MU) (BVMF:MUTC34), da cervejaria Constellation Brands (NYSE:STZ) e da Walgreens Boots Alliance (NASDAQ:WBA), que divulgam resultados. A WBA deve atrair mais interesse após seus esforços para vender a rede britânica de farmácias Boots enfrentaram problemas no início desta semana.
Além disso, a Spirit Airlines (NYSE:SAVE) adiou por mais uma semana a votação de acionistas que decidirá sobre as ofertas das concorrentes JetBlue e Frontier Group. A Xerox (NASDAQ:XRX) (BVMF:XRXB34) estará em foco após anunciar a morte do CEO John Visentin, aos 59 anos.
4. Mais um capítulo da PEC dos Combustíveis
A novela da PEC 16, também conhecida como “PEC dos Combustíveis” continua no Senado Federal. A votação do texto no plenário foi adiada para esta tarde, às 16h, após algumas divergências sobre o “cheque em branco” que a medida propõe ao elevar o valor do Auxílio Brasil, dobrar o vale-gás e criar um novo benefício voltado para caminhoneiros.
Senadores do PT, PSDB, Rede, MDB e Podemos ficaram desconfortáveis com o dispositivo no texto que liberava operações de crédito sem “qualquer vedação ou restrição prevista em norma de qualquer natureza”. O item foi criado como um subterfúgio usado para facilitar a criação do voucher dos caminhoneiros em ano eleitoral, sob a desculpa de ser um momento de estado de emergência devido à crise dos combustíveis.
A criação de um “auxílio-gasolina”, no valor de R$ 3 bilhões, também está sendo questionada pelo líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM). A medida seria pensada para motoristas de aplicativo, taxistas e pilotos de pequenas embarcações. Já o relator da PEC, senador Fernando Bezerra Coelho (PL-RJ), respondeu que se “estamos aprovando quase R$ 39 bilhões nessa PEC, por que não aprovar mais R$ 3 bilhões?”.
Sob a pressão de novos gastos, o Tesouro Nacional aponta que o cumprimento do teto de gastos se tornará inviável em 2027, segundo o sobre projeções fiscais, divulgado ontem. O Tesouro considera uma possível revisão da regra para permitir que o limite seja corrigido pela inflação mais 1,5% a partir de 2027.
Às 08h50, o ETF EWZ recuava 0,72%, a US$ 27,58, no pré-mercado americano.
5. Petróleo flutua e preços do gás disparam na Europa
Os preços do petróleo oscilavam antes da reunião da Opep e seus aliados que deve ser apenas uma formalidade, abrindo caminho para um aumento na produção de 648.000 barris por dia a partir de agosto.
Se a aliança Opep+ pode realmente ser capaz de fazer isso é, essa é obviamente outra questão, dada a falta de capacidade ociosa no mercado e aos problemas cada vez maiores enfrentados por vários membros do bloco devido à má gestão anterior de suas indústrias petrolíferas.
Os preços do TTF, enquanto isso, subiam mais 5% até uma nova alta de três meses, depois que a gigante de energia alemã Uniper revelou que está em negociações para obter um resgate do governo e não consegue cobrir o custo de substituir os embarques de gás russos, que foram cortados em 60%.
Às 08h51, os futuros de petróleo nos EUA caíam 1,08%, a US$ 108,59 o barril, enquanto os de Brent recuavam 0,76%, a US$ 111,59.
Investing.com – Por Geoffrey Smith e Ana Beatriz Bartolo